terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Mind Games

Se hoje em dia há algo que se pode afirmar com um consentimento quase unânime é dizer que o FC Porto é uma equipa superior.

Não pretendo contrariar esta ideia. Aliás, a performance do FC Porto neste campeonato tem sido tão estupidamente esmagadora que chega a ser patético tentar argumentar o contrário.

Estando os jogadores do FC Porto tão habituados a ganhar, torna-se interessante ver como reagem às derrotas.

Neste sentido achei curiosas as declarações do treinador do FC Porto após o desaire do passado domingo frente ao Sporting. Após este jogo, Jesualdo Ferreira disse que o FC Porto tinha “crescido como equipa” e que a derrota tinha “reforçado a equipa”. Jogando com o psicológico dos jogadores, o treinador do FC Porto logo se apressou a tentar minimizar os estragos que a derrota pudesse trazer à sua equipa. De uma só cajadada, tratou logo de enviar para dentro do seu balneário e para todos os simpatizantes e adversários do “seu” Porto a mensagem de superioridade competitiva, de união perante a adversidade e a de (quase) injustiça da derrota.

Após a copiosa derrota por 4-1 em Anfield Road, Jesualdo Ferreira actuou de forma semelhante. Nessa altura, o facto de não terem perdido o primeiro lugar do grupo da Champions League e o próprio nome do Liverpool serviram como paliativos. Já na derrota frente ao Nacional da Madeira o discurso protector foi o do erro do árbitro (inimigo externo).

Acredito que um grande treinador e um bom treinador se diferenciam na capacidade que têm em influenciar psicologicamente a sua equipa da forma que pretendem (mind games). Sem querer tirar mérito ao actual treinador do FC Porto, penso que será nesta equipa onde esta influência é mais fácil de se fazer sentir.

Parafraseando Pedroto, os jogadores do FC Porto passaram (há muito tempo) “de pombinhos provincianos a falcões moralizados”. Há muito tempo que este estado de espírito vem sendo construído. Há muito tempo que não surge ninguém para questionar esta (hoje em dia, quase natural) superioridade. Espero, na minha modesta qualidade de não-adepto do FC Porto, que mais empates e derrotas apareçam e que a habilidade de contornar adversidades de Jesualdo Ferreira seja realmente posta à prova. É que o passado não ganha campeonatos. Nem a retórica nem sequer as vitórias morais.

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