terça-feira, 20 de novembro de 2007

Pobre Portugal!

Os que me conhecem à mais tempo sabem que deixei de ter consideração pelo Senhor Scolari desde o célebre jogo Portugal – Grécia, de abertura do Euro 2004. Foi muito elogiado por ter (finalmente, digo eu) posto Deco no lugar de R. Costa e Ricardo Carvalho no de F. Couto. Já nessa altura considerei que não foi inteligência, nem sagacidade essa troca. Foi esperteza!

Depois de 2 anos de jogos particulares sem mexer na equipa, resolveu mudar no 2º jogo a sério. Porquê? Bem, porque os adversários seguintes eram a Espanha e a Rússia (teoricamente melhores que a Grécia) e se fosse eliminado a culpa nem era dele pois tinha posto a equipa que toda a nação via que era a melhor. Poderia dizer que se tem continuado na sua casmurrice teria conseguido a qualificação. Mas não, a coisa correu muito melhor do que o esperado, mérito dos jogadores que lá iam resolvendo os problemas.

Até que chegou a final e foi o que se viu. Conseguiu um feito digno de registo: perder dois jogos com a mesma equipa em 3 semanas. Porquê? Porque tacticamente é básico e porque ter trabalho de casa não é para o senhor. Basta ver em 4/5 anos, quantos jogos ao vivo foi ver.

Mas esta fase de qualificação (Euro 2008) nem medíocre foi. Foi má!

Jogar da mesma forma contra a Rússia, a Polónia, a Sérvia, a Bélgica Azerbeijão, o Cazaquistão e a Arménia, seja em casa ou fora ultrapassa todos os limites. Os objectivos traçados: ganhar jogos em casa e empatar jogos fora são tão rasteiros (ainda mais com o grupo que nos coube em sorte, felizmente) que dificilmente não seriam atingidos. Aliás, a vitória na Bélgica, no Cazaquistão e Azerbeijão (quando já tínhamos de ganhar) deve ter dado direito a prémio suplementar. Não é todos os dias que se ultrapassam objectivos tão difíceis. Vamo-nos apurar, no grupo com mais equipas e sendo, provavelmente a selecção que menos jogos vais ganhar de todas as apuradas.

Não concordo com aqueles que dizem que temos uma grande selecção, no entanto e porque isso é alimentado por toda a gente, como é possível o vice-campeão europeu e o 4º do mundial entrarem em campo para empatar. O que estariam a dizer se essa mentalidade fosse imposta pelo Humberto, pelo Manuel José, pelo Fernando Santos, pelo Oliveira, pelo Artur Jorge, etc.

Dá-me pena ver Portugal a jogar assim, nos 4 últimos anos. Aliás a presença no mundial foi confrangedora. Como foi, quando se jogou toda a 2ª parte do jogo na Rússia para empatar, contra 10 homens.

Mas estou certo que em Junho haverá bandeirinhas e manifestações no aeroporto, à partida e à chegada.

A não ser que a Finlândia (essa potência do futebol mundial) venha cá fazer algum estrago.

7 comentários:

Anónimo disse...

Tenho de concordar com 80% deste post. Apenas não concordo com uma coisa. Scolari foi de facto, e é disto que a história vive de factos, o unico que nos levou a uma final de um Euro e a uma meia-final de um mundial. Isto é inegavel. Quanto ao apuramento tambem tenho a opinião que tinhamos de fazer mais, mas lembro que só dependiamos de nós e não tinhamos de andar a fazer as contas de ganhar por 5 e aguardar que terceiro perca por 10 e quarto empate a 12. Isso tambem com Scolari acabou. Também é verdade que não ganhamos a Servia, Polonia e Finlandia, mas no fim das contas conseguimos o apuramento. Lembro os longiquos tempos de Queiros e outros onde a nossa selecção falhava sempre os apuramentos.
Apesar disto defendo que o tempo de Scolari já terminou na selecção, ele devia ter saido após o mundial, e tambem tenho a ideia que o Euro 2008 a continuar assim poderá ser o inicio da decadencia da selecção portuguesa, onde cada jogador joga para seu lado e não há uma equipa mas sim um nucleo de individuos que podem resolver jogos...

DeKuip disse...

Não consigo deixar de dizer aqui no Blog de que concordo... mas com 20% do que é dito. Sendo os 20% apenas atribuíveis à parte em que Portugal está apurado.
Sim.
APURADO!
Azar para os estrangeiros que gostavam de ter visto outra coisa. E como não tenho pretenções de ser treinador, fico apenas pelos resultados. E o resultado é que fomos apurados. E esta, Fernando Peça!!? Claro que gostaria de que ganhássemos todos os jogos da qualificação com exibições estilo "Brasil 1970" e por um resultado mínimo de 5-0... Mas acontece que há os outros. E os outros também correm. Também evoluem. Também querem ganhar. E até acho que a maioria deles até "bate" menos nas equipas nacionais deles (não tenho a certeza, acho só... é um palpite!). Para o título "Pobre Portugal!", acho que seria mais positivo usar "ForZa Portugal!".

GreenFlag disse...

1º) Não creio que os portugueses batam mais na sua selecção que os outros (vide, Espanha/Aragones/Camacho; Itália/Trapattoni/Sacchi/Lippi; Inglaterra/Erikson/Maclaren; Hoalnda/Rijkaard/Van Basten; Brasil/Zagallo/Dunga, etc. etc.).
2º) Já que é feita a alusão ao termo “forza”, convém lembrar que a Itália e a França (do mesmo grupo, mais Ucrânia, Escócia, Geórgia, Lituânia e Ilhas Faroé e apuradas a 1 jornada do fim) obtiveram 9 e 8 vitórias respectivamente (em 12 jogos). Portugal obteve 7 em 14 jogos. Aliás tão mau como Portugal só Rússia e Turquia (as mesmas 7 vitórias, mas em 12 jogos);
3º) É preciso não esquecer que nos começámos a apurar (com regularidade) quando a fase final passou a ter 16 equipas, e não apenas 8, como até aos anos 90. Ou seja, com sete selecções a serem apuradas (o organizador sempre se apurou automaticamente), só o 1º lugar dava acesso à fase final. Pois então, teríamos pena, mas mais uma vez teríamos ficado de fora, à custa da poderosíssima … Polónia (caso não saibam, é a 1ª vez que se qualifica para a fase final de um europeu).
4º) A realidade que o Sr. Scolari encontrou em Portugal foi completamente diferente da que se vivia na década de 90, por exemplo. Para além das 16 equipas, 32 (no mundial, contra as 24 da década de 90), encontrou um conjunto de jogadores maduros, e tacticamente disciplinados (fruto de jogarem noutros campeonatos que não o nosso), talvez mesmo o melhor naipe de jogadores que Portugal alguma vez teve. Portanto, não creio que sejam legítimas as comparações com outros tempos. Quantas vezes ficámos à porta de europeus e mundiais por termos ficado em 2º lugar no nosso grupo de apuramento?
Concluindo: Gosto muito de futebol. Gosto que Portugal se apure para as fases finais. Não viria nenhum mal ao país se Portugal não se qualificasse. Scolari não é Deus, logo não é infalível, nem está isento da crítica. Penso que os Portugueses se devem decidir:
Ou temos equipa para sermos campeões europeus (como já se fala à boca cheia) e então a qualificação foi miserável ou, a qualificação foi muito boa (porque ultrapassámos equipas poderosíssimas) e então devemos esperar apenas por fazer o “melhor possível” na fase final.
Não podemos é dizer que queremos ser campeões da Europa e ao mesmo tempo dizer que a qualificação foi fantástica!

Um abraço

PS: Já agora, estou convencido que os comentários do Greenheart e do DeKuip surgiram depois do jogo Portugal-Finllândia por mera coincidência. Estou certo que o texto teria sido o mesmo se o Bruno Alves tivesse marcado o auto-golo. Verdade?

Anónimo disse...

Uma reatificação. Portugal raramente não ficava a porta das qualificações lembro por exemplo o mundial de 82 em Espanha onde tinhamos de ganhar em Israel e saimos de lá com 4 na pá. Quando para o apuramento do Mundial dos EUA tinhamos de vencer em Italia e perdemos por 3-0 e etc. O facto é que o futebol mudou. Os apuramentos mudaram. Com o enfraquecimento das selecções de leste ficamos a ganhar e muito. Mas não seremos unicos se calhar hoje equipas como Holanda, Italia, França, Espanha e Alemanha veem os ses apuramentos mais facilitados. O mesmo já não posso dizer das equipas do reino unido que tambem eram habituais nos mundiais (Escocia e Irlanda e Irlanda do Norte) e que agora ficam sempre em 3ºs ou 4ºs nos seus grupos. E já agora os 'ses' não ganham campeonatos nem conquistam apuramentos. Continuo no entanto a afirmar que o tempo de Scolari já acabou na nossa selecção. O problema tambem é que não temos ninguem que queira assumir esta responsbilidade. Tirando claro o Mourinho mas só daqui a 10 anos...

DeKuip disse...

Falo por mim. O meu comentário não apareceu por acaso. Apareceu apenas por causa do post do Forza Itália. De resto, teria ficado caladinho.

Anónimo disse...

Apenas uma rectificação : Scolari não foi o unico treinador a levar a selecção a uma meia final de um mundial, certo ?
Ouvi falar de uma tal em 1966.
Abraço, Helder

Anónimo disse...

Mas a levar a uma final de um euro e uma meia final de um mundial foi.