Para quem ainda tem dúvidas, aqui vão alguns números de 2006 sobre a dimensão do futebol como actividade económica (retirados a revista Problèmes Économiques; 12 Mars 2008).
40.000 €: ganho diário do ex-futebolista Zinedine Zidane;
500.000 €: preço de dois spots publicitários na TF1 à altura da final do Mundial de futebol;
800.000 €: ganho diário do Real Madrid em vendas de bens e serviços;
8.000.000 €: taxa anual paga pela companhia Emirate Airlines para “emprestar” o seu nome ao estádio de futebol do Arsenal.
É muito dinheiro. Impressiona a escala. Em jeito de comparação (se bem que um bocado tosca), se olharmos para o relatório e contas do Benfica da época de 2006/07 vemos que este clube gerou cerca de 81 milhões de euros em proveitos relacionados com a sua actividade. Tornando anual o montante acima referido para o Real Madrid, verificamos que os 81 milhões representam cerca de 28% do que os Merengues ganharam em 2006.
Neste contexto, é porventura fácil concordarmos com um artigo escrito por Vasco Pulido Valente na edição de sábado do jornal “Público”. Diz este artigo que o que o Benfica precisa é de um “génio financeiro” que, com recursos relativamente escassos, consiga fazer da equipa um “produto” mais competitivo.
Sim. Os génios são sempre bem-vindos. Mas antes de um Einstein financeiro, de um Messias abonado ou de um D. Sebastião a nadar em euros, o que talvez o Benfica precise mais neste momento é de um grupo de profissionais que perceba (e saiba) como um clube vindo de um país de dimensão média pode tornar-se competitivo num mercado desportivo dominado por Grandes Clubes/Grandes Países. Friso bem: um grupo de pessoas. Uma estrutura, uma equipa. Não apenas um treinador. Nem tão-somente um génio, um presidente, um director desportivo, um futebolista. A realidade é demasiado complexa para decisões tomadas por uma pessoa. Não que elas o sejam. Mas aflige-me pensar que grande parte da massa associativa do Benfica pense desta maneira. No singular.
Bem vistas as coisas, é mais reconfortante pensar que há por aí um génio financeiro escondido com a capacidade e o interesse de fazer com que o Benfica tenha a dimensão monetária do Real Madrid. Haverá?
3 comentários:
DeKuip,
A esperança da grande massa benfiquista é a da salvação no imediato, sem considerar o médio e longo prazo. Quem quer que consiga sagrar-se campeão, será endeusado. Mas como dizes, e bem, o idal seria uma estrutura capaz, desde o presidente aos jogadores, passando por directores (desportivos e nas outras funções), equipa técnica e médica-fisio, prospecção e formação. Isto somente falando do futebol. Pr tudo isto, uma gestão como a deste ano que passou, centrada num só líder, não funciona. Esperemos que a nomeação de Rui costa para director do futebol tenha o dom de "afastar" o presidente dessas funções.
Espero bem que a com o Rui Costa as coisas melhorem (acho que só podem mesmo melhorar!). Agora é tempo de dar o benefício da dúvida. Mas transportando este exemplo para o de uma grande empresa. O que não diriam os accionistas dessa empresa se fosse nomeado para um cargo muito importante de direcção alguém que não tem provas dadas nessa área? Mas o Benfica não é uma grande empresa e decerto o Rui Costa vai estar muito bem aconselhado. Um abraço e espero que o blog anime mais um bocado com mais posts e comentários!
Pois que a mim parece-me bastante difícil. Li numa revista relacionada com "aberrações genéticas" que poderíamos estar a caminhar no sentido de nascerem dentes caninos nas galinhas....Parece-me mais provável que a questão colocada no Tópico.
ass: Chrystello
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