Ou a propósito do que o de Kuyp escreveu há uns dias atrás...
Os adeptos do Benfica e do Sporting anseiam que as suas equipas voltem a ganhar e a brilhar tanto a nível interno como internacional. Para isso conjecturam sobre como se deveria organizar a estrutura directiva, como tornar mais rentável o clube e como aumentar as suas receitas, etc.
Para isso, repete-se até à exaustão que o futebol é uma indústria e como tal há que ser competitivo a esses níveis. Mais, se conseguimos ser competitivos noutras áreas também o podemos ser no futebol.
Nada de mais errado quanto a mim!!!!
Porquê?
Porque as indústrias tradicionais (as empresas) podem estar num país pequeno (em dimensão ou em peso político e económico) como o nosso mas podem deter uma vantagem competitiva qualquer: uma patente protegida, um avanço técnico ou tecnológico face às suas concorrentes, design inovador ou outra, que lhe permita manter os seus níveis de competitividade através da manutenção ou intensificação dos seus níveis de inovação ou de conhecimento do mercado.
Ora isto não se passa, manifestamente, na “indústria” do futebol. Porquê?
Porque nesta “indústria” é notória a diferença de capacidades entre as “empresas” de países distintos ou mesmo entre as “empresas” de um mesmo país. A “empresa” Benfica ou a empresa Sporting até podem descobrir um Kaká no Brasil, um Cristiano Ronaldo nas suas academias, um Messi na Argentina mas não o conseguem segurar mais do que um par de anos (já com boa vontade) e quando o vendem muito dificilmente conseguem encontrar um substituto à sua altura.
Aliás, está por demonstrar o que acontecerá, nos países com uma “indústria” do futebol mais poderosa, quando os magnatas que aí investiram (casos do Chelsea, Liverpool, Man. Utd, Man. City, AC Milan, Inter Milão, etc. só para citar alguns casos) resolverem desinvestir ou sair dessa “indústria”. Ou outros pegam nela, porque existe de facto poder económico para o fazer, ou entram em agonia (não só os clubes como os seus simpatizantes). Temos exemplos desses no nosso país: Sporting com Jorge Gonçalves, Benfica com Vale e Azevedo, Boavista com a família Loureiro, Salgueiros, etc.
Existem fortunas pessoais em Portugal capazes ou com vontade de investirem a sério num clube português para o tornar competitivo a nível europeu? Existem propostas de contratos de publicidade ou de sponsoring compatíveis com os que se celebram na Europa? Temos 40, 50 ou 60 milhões de habitantes como têm os países dos principais campeonatos? Têm os nossos clubes implantação e projecção mediática à escala mundial?
Nas grandes fortunas, só vejo uma pessoa com algum algum interesse pela "indústria" do futebol (e é um especulador nato pelo que não será de esperar nenhuma acção benemérita). E a projecção internacional dos nossos clubes (com o Benfica muito à frente dos demais) fica-se, quase em exclusivo, pelo continente africano onde, sejamos claros, não existe grande potencial de vendas (só se for nas elites angolanas, referidas por Bob Geldoff).
Podem dizer, "mas temos um potencial de quase 300 milhões de pessoas a falar português pelo mundo". Pois temos, se excluirmos os nossos emigrantes, quem vai comprar produtos relacionados com os nossos clubes. O Brasil tem os seus grandes e pequenos clubes, não necessitam de comprar produtos de clubes que nada lhes dizem nem têm projecção mundial.
O panorama é negro? Pois é, mas ninguém o quer assumir porque ninguém ganharia eleições num clube prometendo finanças equilibradas, nem se poderia tentar empreender organizações megalómanas como campeonatos da Europa e do Mundo se se explicasse a utilização posteriores das infraestruturas necessárias a essas organizações (é incontornável frisar a utilização e as médias de assistência nos novos estádios de Faro, Leiria, Coimbra. Aveiro, Bessa e mesmo Braga).
Ou seja, temos que nos mentalizar que a dimensão (económica) normal, racional e adequada do nosso campeonato seria a equivalente aos campeonatos da Bélgica, Holanda, Suíça. Escócia e Áustria, por exemplo.
Para quê insistir em nos querermos comparar com os grandes? Não creio que holandeses, belgas, suiços, etc, sejam menos felizes, tenham menos poder de compra, vivam pior que nós por terem uma “indústria” do futebol à sua dimensão.
Curiosamente, esta situação já não se põe ao nível da “nossa” selecção. Aí não temos uma empresa, temos uma verdadeira “delegação empresarial” vintage com o melhor daquilo que a nossa “indústria” conseguiu produzir ao longo dos anos, mesmo se depois tenha tido necessidade de se desfazer desses activos.
A nível de selecções sim poderemos competir com os melhores. Porquê? Porque aí não há uma vertente económica a enviesar a produção futebolística. Aí são os melhores de cada país. E, por enquanto, ainda não é o factor monetário que pesa na escolha do país que se representa.
Última nota: no anúncio da entrega da organização do mundial 2014 ao Brasil, Blatter pôs o dedo na ferida no que respeita às naturalizações de jogadores, em especial brasileiros. Se não se fizer nada, também as selecções passam a reger-se (exclusivamente) pelos ditames económicos.
Para isso, repete-se até à exaustão que o futebol é uma indústria e como tal há que ser competitivo a esses níveis. Mais, se conseguimos ser competitivos noutras áreas também o podemos ser no futebol.
Nada de mais errado quanto a mim!!!!
Porquê?
Porque as indústrias tradicionais (as empresas) podem estar num país pequeno (em dimensão ou em peso político e económico) como o nosso mas podem deter uma vantagem competitiva qualquer: uma patente protegida, um avanço técnico ou tecnológico face às suas concorrentes, design inovador ou outra, que lhe permita manter os seus níveis de competitividade através da manutenção ou intensificação dos seus níveis de inovação ou de conhecimento do mercado.
Ora isto não se passa, manifestamente, na “indústria” do futebol. Porquê?
Porque nesta “indústria” é notória a diferença de capacidades entre as “empresas” de países distintos ou mesmo entre as “empresas” de um mesmo país. A “empresa” Benfica ou a empresa Sporting até podem descobrir um Kaká no Brasil, um Cristiano Ronaldo nas suas academias, um Messi na Argentina mas não o conseguem segurar mais do que um par de anos (já com boa vontade) e quando o vendem muito dificilmente conseguem encontrar um substituto à sua altura.
Aliás, está por demonstrar o que acontecerá, nos países com uma “indústria” do futebol mais poderosa, quando os magnatas que aí investiram (casos do Chelsea, Liverpool, Man. Utd, Man. City, AC Milan, Inter Milão, etc. só para citar alguns casos) resolverem desinvestir ou sair dessa “indústria”. Ou outros pegam nela, porque existe de facto poder económico para o fazer, ou entram em agonia (não só os clubes como os seus simpatizantes). Temos exemplos desses no nosso país: Sporting com Jorge Gonçalves, Benfica com Vale e Azevedo, Boavista com a família Loureiro, Salgueiros, etc.
Existem fortunas pessoais em Portugal capazes ou com vontade de investirem a sério num clube português para o tornar competitivo a nível europeu? Existem propostas de contratos de publicidade ou de sponsoring compatíveis com os que se celebram na Europa? Temos 40, 50 ou 60 milhões de habitantes como têm os países dos principais campeonatos? Têm os nossos clubes implantação e projecção mediática à escala mundial?
Nas grandes fortunas, só vejo uma pessoa com algum algum interesse pela "indústria" do futebol (e é um especulador nato pelo que não será de esperar nenhuma acção benemérita). E a projecção internacional dos nossos clubes (com o Benfica muito à frente dos demais) fica-se, quase em exclusivo, pelo continente africano onde, sejamos claros, não existe grande potencial de vendas (só se for nas elites angolanas, referidas por Bob Geldoff).
Podem dizer, "mas temos um potencial de quase 300 milhões de pessoas a falar português pelo mundo". Pois temos, se excluirmos os nossos emigrantes, quem vai comprar produtos relacionados com os nossos clubes. O Brasil tem os seus grandes e pequenos clubes, não necessitam de comprar produtos de clubes que nada lhes dizem nem têm projecção mundial.
O panorama é negro? Pois é, mas ninguém o quer assumir porque ninguém ganharia eleições num clube prometendo finanças equilibradas, nem se poderia tentar empreender organizações megalómanas como campeonatos da Europa e do Mundo se se explicasse a utilização posteriores das infraestruturas necessárias a essas organizações (é incontornável frisar a utilização e as médias de assistência nos novos estádios de Faro, Leiria, Coimbra. Aveiro, Bessa e mesmo Braga).
Ou seja, temos que nos mentalizar que a dimensão (económica) normal, racional e adequada do nosso campeonato seria a equivalente aos campeonatos da Bélgica, Holanda, Suíça. Escócia e Áustria, por exemplo.
Para quê insistir em nos querermos comparar com os grandes? Não creio que holandeses, belgas, suiços, etc, sejam menos felizes, tenham menos poder de compra, vivam pior que nós por terem uma “indústria” do futebol à sua dimensão.
Curiosamente, esta situação já não se põe ao nível da “nossa” selecção. Aí não temos uma empresa, temos uma verdadeira “delegação empresarial” vintage com o melhor daquilo que a nossa “indústria” conseguiu produzir ao longo dos anos, mesmo se depois tenha tido necessidade de se desfazer desses activos.
A nível de selecções sim poderemos competir com os melhores. Porquê? Porque aí não há uma vertente económica a enviesar a produção futebolística. Aí são os melhores de cada país. E, por enquanto, ainda não é o factor monetário que pesa na escolha do país que se representa.
Última nota: no anúncio da entrega da organização do mundial 2014 ao Brasil, Blatter pôs o dedo na ferida no que respeita às naturalizações de jogadores, em especial brasileiros. Se não se fizer nada, também as selecções passam a reger-se (exclusivamente) pelos ditames económicos.
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