Há dias li um artigo curioso, chamado Who’s Up? Who’s Down? Who Cares?, de um comentador de futebol dos EUA, que sustenta que o mecanismo de promoção e despromoção, tão comum nas ligas europeias, é absolutamente irrelevante para estimular a competitividade das mesmas.
A Major League Soccer (MLS), na qual participa o Los Angeles Galaxy dos mediáticos David Beckham e Abel Xavier, não tem clubes promovidos e despromovidos. O campeonato é recente (1993), centrado em objectivos comerciais e disputado ao estilo da NBA com conferências e equipas dos EUA e Canadá.
Não quero de maneira alguma dizer, com este post, que o modelo americano é melhor do que o que é usado na Europa. De qualquer maneira, sendo economista de formação, não deixo de ser sensível à questão da competitividade e à realidade dos principais campeonatos europeus.
Nos dias de hoje, lutar por um lugar na Champions League é, por assim dizer, um campeonato no meio do campeonato nacional. Acontece que apenas um conjunto restrito de clubes em cada país tem realmente a possibilidade de ser competitivo e de lutar por um dos lugares cimeiros de cada campeonato nacional. São estes que, invariavelmente a cada ano que passa, vencem os campeonatos e partilham os lugares cimeiros da tabela. E os outros? Bem, aos outros resta sonhar com equipas mais fortes, anos melhores, e lutarem por não descerem ou por serem promovidos à liga principal.
Tendo em conta que o talento e os recursos para obter bons jogadores e formar boas equipas é escasso, é então natural que elas se concentrem nos clubes de topo, fazendo com que o campeonato “dos outros” tenha cada vez menos interesse. Neste sentido, é talvez apropriado perguntar o que é que, nos dias de hoje, as promoções e despromoções trazem de valor acrescentado às ligas nacionais? Existem excepções, é claro. O Guimarães, por exemplo. Mas são excepções que confirmam a regra.
No meio disto tudo, talvez fosse importante colocar questões relacionadas com a organização dos campeonatos nacionais e inovar num novo desenho competitivo que permitisse que, por exemplo, países como o nosso possam ter sempre três ou quatro equipas competitivamente fortes nos campeonatos de clubes europeus. Talvez apostando numa maior racionalização de recursos e num aumento qualitativo da competitividade interna possamos assistir, com cada vez mais frequência, a mais campeões nacionais e a menos monotonia nos campeonatos.
E o que é que passou no ultimo fim-de-semana a oeste dos montes Urais? Enfim, nada de especial. O Real Madrid ganhou a sua 31ª liga, o Bayern arrecadou a sua 20ª vitória na Bundesliga, o FC Porto continua a festejar o seu tricampeonato e os lugares cimeiros das outras ligas principais continuam a ser disputadas pelos clubes do costume.
Nota: A “Oeste Nada de Novo” é a tradução do título de um livro de Erich Maria Remarque passado na primeira grande guerra.
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