quarta-feira, 30 de julho de 2008

Pré-época

Se existe uma altura do ano futebolístico que normalmente me deprime é a pré-época. Este termo - "pré-época" -, não exclusivo do futebol, poderia muito bem ser definido como o período que medeia a silly season (aquela caracterizada pela abundância de notícias importantíssimas sobre as férias dos jogadores, dos treinadores e das suas bombásticas namoradas) e o início da competição propriamente dita.

É nesta altura do ano que normalmente se fazem jogos de apresentação aos adeptos, realizam-se muitas contratações e, desgraça das desgraças, fazem-se listas de dispensados.

Como adepto de futebol e simpatizante do Benfica pouco atento às qualidades dos jogadores e dos treinadores que deambulam pelos corredores da denominada "pré-época", é para mim um martírio ouvir, mesmo que seja por via indirecta, os jogadores que saem, os jogadores que entram, os milhões que são gastos, os clubes que mostram interesse no jogador A ou B.

Há uns dias li que o novo treinador do Benfica utilizou num jogo 22 jogadores. Hoje, ao passar pelo Record on-line constatei que o treino de hoje do Benfica já só contava com 27 jogadores. Uff, ainda bem! Mais, Rui Costa estava em Barcelona, não a apreciar as qualidades arquitectónicas do centro da capital catalã, mas, surpresa das surpresas, a tentar contratar mais um jogador. E tudo indicava que alguns dos que já estão a treinar na Luz poderiam servir como moeda de troca. Ah, e o Petit saíra para o Colónia. E o Zoro fora dispensado. E o Moreto, que há algum tempo era certo fora do Benfica, fora re-integrado no "grupo de trabalho".

Enfim, é a pré-época e a procura da notícia vendável por parte da comunicação social. Já agora, acho que os jornais desportivos (pelo menos esses) deveriam pagar uma anualidade ao Benfica por causa das notícias que publicam com fonte em rumores, conversas de café ou simplesmente boas fontes de informação sobre o que se passa no clube da Luz. Sem o Benfica provavelmente só teríamos um jornal desportivo nacional. E quase de certeza seria semanário!

Mas o que mais me entristece nas pré-épocas é a sensação de que pelo menos desde o reinado do rei Artur (Jorge) que o Benfica tenta, ano após ano, recomeçar do zero. Para isso contrata carradas de jogadores, supostamente “à imagem” do novo treinador que, surpresa das surpresas, prometem mais ou menos explicitamente mundos e fundos a toda uma falange de apoiantes, adeptos e sócios ávidos de vitórias.

Não sei. Parece-me que é como estar a fazer fundações de uma casa e depois, um ano volvido, pegar numa bomba de napalm, arrasar tudo e começar uma vida nova, com um treinador novo, com um director desportivo novo, com umas camisolinhas novas. Vou esperar pelo passar da pré-época e ver no que vai dar este recomeçar de vida nova.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Paulo Bento e Cristiano Ronaldo

O meu amigo VIP escreveu há umas semanas um post indignado com a actuação do Real Madrid perante o Manchester United por causa da eventual contratação de Cristiano Ronaldo. Eu respondi-lhe que a actuação não era distinta daquela que é praticada pelo MU com os clubes mais pequenos, financeiramente. Ora então aqui temos a prova!
Paulo Bento, bem como outros candidatos, alguns também treinadores principais de outros clubes, são dados como eventuais treinadores-adjuntos do “Sir”.
Ora bem, P. Bento bem como outros estavam descansados nos seus postos e nos seus clubes, com as épocas planeadas e com os clubes a contarem com eles. Que acontece? Vem o MU e acena com o triplo ou quádrupulo daquilo que ganham actualmente. Para além da diferença no montante das verbas, qual é a diferença entre a actuação do MU e a do Real Madrid em ambos os casos?
É que, como eu disse anteriormente, o MU pode-se recusar a vender CR e até se pode dar ao luxo de emprateleirá-lo, enquanto um clube pequeno tem de se agachar perante o clube mais poderoso. Depois venham dizer-me que há diferenças qualitativas nas duas actuações...

PS: Tudo isto porque hoje vi na Marca uma notícia que dava como segundo candidato ao posto de adjunto, um espanhol também ele treinador principal de uma equipa inglesa, caso P. Bento não aceitasse o cargo.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Um dos maiores bluffs do futebol português ou, como vender gato por lebre

Acabado o reinado do anterior seleccionador nacional, eis que nos vendem mais um herói dos tempos modernos: o professor Carlos Queirós.
O homem certo para o lugar, um treinador de enorme prestígio, um treinador de grandes créditos, uma figura de prestígio do futebol internacional, etc., etc. Tudo tem servido para vender a imagem de um ganhador, de uma escolha acertadíssima!
O que eu proponho é que se relembre a “memorável” carreira do prof. Queirós como treinador.
Excepção aos títulos mundiais de sub-20 de 1989 e 1991, qual foi o percurso do professor e o que ganhou?
Assim, de repente:
Seleccionador nacional (equipa principal) – para além de não ter qualificado a selecção (já com alguns dos jogadores da geração de ouro) para o mundial de 1994 nos EUA, ficou célebre por dizer que era necessário “varrer toda a porcaria”, creio que da federação. Espero que 14 anos depois a FPF seja um lugar mais recomendável.
Treinador do Sporting CP – conseguiu perder o título para o Benfica no, também célebre, jogo dos 3-6. Recordam-se do plantel do SCP nesse ano? Talvez o melhor plantel de uma equipa portuguesa nos últimos 20 anos. Nelson, Valcks, Naybet, Paulo Sousa, Capucho, Figo, Juskowiak, Balakov, Yordanov, Paulo Torres, etc. (corrijam-me se algum estiver a mais) Com esta equipa conseguir não ser campeão é muito difícil, mas ele conseguiu. Ganhou uma taça de Portugal.
Várias andanças como seleccionador de grandes potencias do ... Golfo Pérsico com grandes resultados, seguramente.
Treinador-adjunto do Man. Utd – sublinho adjunto. Muitos títulos. Qual o seu mérito nesses títulos. Quem se lembra dos adjuntos de Mourinho, de Wenger, de Benitez, de Capelo, etc. (*)
Treinador do Real Madrid – 6 meses, talvez nem tanto. Foi despedido, depois de no mês de Janeiro ou Fevereiro ter hipotecado todas as hipóteses de conquista de título dessa época.
Treinador-adjunto do Man. Utd – Idem (*)
Como corolário pergunto novamente? Qual é o curriculum do Prof. Queirós? E nomeadamente como treinador principal?
Não ponho em causa a sua boa vontade e honestidade. Até pode conseguir fazer um trabalho fantástico. Mas não nos queiram impingir uma imagem que verdadeiramente não corresponde à verdade. Ganhador é coisa que nunca foi, excepto nos juniores.
Para finalizar, só desejo uma coisa: que, ao contrário do que nos mostra a sua “brilhante” carreira, desta vez tenha sucesso.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Cibercidadania: Lisboa SOS

Através do Margens de Erro, descobri este sítio na internet chamado Lisboa SOS. É um Blogue recente, para onde podemos enviar fotografias de locais de Lisboa degradados. As pessoas que ainda não foram vencidas pela indiferença ou que não são distraídas sabem que, infelizmente, estes locais são mais do que muitos em Lisboa.

É no mínimo triste saber que Lisboa está, em matéria de limpeza e de conservação do seu património imobiliária, a anos-luz de outras capitais da Europa.

Fica aqui a divulgação do Blogue. Já agora, se souberem de um local ou de alguma situação crítica não hesitem em fotografá-la e em fazê-la chegar ao Blogue e, já agora, à Câmara Municipal de Lisboa. Talvez este exercício de cibercidadania possa fazer alguma coisa em prol da cidade onde vivemos, estudamos e trabalhamos.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Mais àgua e tubarões por favor!

Quando a Assembleia e o país discutem O Estado da Nação, quando estamos preocupados com a subida das prestações do empréstimo da casa e os aumentos desmesurados do preço da gasolina eis que surje, como um bálsamo vindo do nada, uma notícia verdadeiramente extraordinária: o Porto vai ter um Oceanário!

Já temos um em Lisboa, já tínhamos o aquário Vasco da Gama e até temos um Fluviário em Mora. Faltava-nos, bem vistas as coisas, um Oceanário na Invicta. Rui Rio esclarece, na notícia da edição on-line da TSF, que o equipamento terá os "mais diversos peixes, incluindo tubarões". Messieur La Palisse não diria melhor. O oceanário será promovido por uma entidade privada (com sede em Inglaterra) e estará (se as negociações entre a Câmara e os promotores correrem bem, presume-se!) pronta a abrir as portas em 2010.

Estas notícias de última hora são necessáriamente curtas. O bom delas é que parecem trazer, por detrás delas, emprego para o povo (100 postos de trabalho, pelos vistos). O mau delas é que nos fazem esquecer perguntar da relevância de tal investimento e se o erário público terá alguma coisa a ver com a construção e a manutenção de tal infraestrutura.

Resta saber se a dois anos de distância de tal glorioso acontecimento gostava de saber se por essa altura o estatuto do presidente do FC Porto continuará a ser a de um predador ou, se pelo contrário, o tanque dos tubarões não vai contar com a sua presença.

Escravatura moderna??!?!?

O presidente da FIFA decidiu falar a bem dos jogadores de futebol, essa classe tão desfavorecida e explorada. Quais empregados de fábricas na China ou noutro qualquer país sem controlo dos direitos, também os futebolistas na Europa são explorados e escravizados, obrigados a manter os seus contratos.

Como o Manchester United não considera viável (até agora) a transferência do jogador Cristiano Ronaldo, com quem tem contrato até 2012, diz o Sr. Blatter que "Se um futebolista quer jogar noutro lugar deve procurar-se uma solução. Se não se sente bem onde está deve sair para seu próprio bem e do clube em causa". Por isso, Ronaldo "deve poder deixar o Manchester para ir para o Real Madrid se é isso que deseja" isto porque, na sua opinião, existe hoje uma "escravatura moderna" relacionada com a "compra de jogadores" e que a FIFA está "sempre do lado do jogador".

Vejamos se entendemos: o Cristiano Ronaldo, ao assinar em 2007 a renovação até 2012, com ordenados e prémios majestosos, com a percentagem de verbas de imagem vantajosa, é afinal um escravo do Manchester United!

Muito bom! Eu acho que qualquer comum cidadão seria candidato a escravatura nestes moldes. Mas estamos a brincar?!

Um trabalhador que assina um contrato, de livre vontade e com o acompanhamento de um agente, que tem de ser registado na FIFA (a própria!), tem toda a legtimidade de exigir que o deixem não cumprir o contrato, mesmo que o clube considere que não.

Claro que também não considero vantajoso ter um jogador descontente e demotivado, mas a opinião do empregador, o Man. Utd., tem de ser valorizada. Se é contra a transferência e não mudou nada no seu contrato com o jogador, porque tem de ser obrigada a transferi-lo?

Claro está que isto interessa aos jogadores, mas acima destes, interessa aos empresários/agentes, que habitualmente ganham com as transferências. E não é pouco.

Eu, como adepto do United, espero que o Ronaldo se mantenha e jogue ao melhor nível. Mas se for para sair, que seja por mais de 85 milhões! Ou então, 50 milhões + Robinho + Casillas + Sérgio Ramos.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Medidas populistas




A descida do IVA, mais precisamente da taxa mais elevada, dos 21% para 20%, foi anunciada com pompa pelo Governo. No anúncio, Sócrates disse que era um prémio aos portugueses pelo contributo na diminuição do défice (o Adamastor dos portugueses nos últimos anos).

Pois bem, nada melhor do que reduzir o IVA em um ponto percentual!

Quando o primeiro ministro disse que era um prémio aos portugueses, muitos contestaram quanto ao real impacto nos preços finais, pois consideravam que seria irrisória a redução por esta via. Mas estes consideravam que o prémio era para os consumidores, o chamado POVO. Estavam enganados.

Como as facturas acima demonstram, o prémio era para as empresas de todos os sectores que aplicavam aquela taxa de IVA. Na verdade, este é um exemplo negativo, outros haverá, mas também os há positivos, onde houve redução dos preços ajustando-se à nova taxa.

Mas não deixa de ser importante este exemplo, vindo da GALP, uma empresa nacional e com gestão ligada ao Governo. É o chamado exemplo vindo de cima.

O efeito da redução da taxa de IVA implica um aumento do lucro, através da manutenção do preço final, incorporando os 0,83% que seria a redução no preço.

Grão a grão, enchem os mesmos os seus bolsos.

Faz o que eu digo...



A cimeira do G-8, reunida para discutir o tema da FOME e a CRISE ALIMENTAR, numa altura em que são claros os sinais de que o problema já não se limita aos países habituais (casos da Etiópia, Moçambique, Índia ou Bangladesh), quando se juntam os países G(randes e ricos) 8, a ementa teve 18 pratos à escolha. Uma fartura à mesa depois de "horas" à procura de uma solução para aqueles que não têm um prato de sopa.

Não sou falso moralista, por isso não digo que não se tenha um jantar com qualidade, mas o que me indigna é a abundância de opções que decerto levou a desperdícios. Será que os líderes não se sentirão um pouco "mal" por esta situação????

terça-feira, 8 de julho de 2008

Sanfermines - Pamplona

Estamos em plena época de defeso do futebol, ou seja aquela em que nada acontece a não ser especulação sobre eventuais transferências para fazer valorizar alguns jogadores que de outra forma nem se falariam deles. Aí em Portugal, continua-se à voltas se houve ou não corrupção de Pinto da Costa, se o Boavista da inenarrável família Loureiro desce ou não e agora até se Vale e Azevedo é preso ou não. Ou seja, continua-se a falar de tudo aquilo que se fala ao longo do ano. Aqui em Espanha é um pouco diferente. Não sei se melhor ou não. Mas cada coisa tem o seu tempo.
E esta semana é tempo de “Sanfermines” (junto ou separada), em Pamplona http://http//www.sanfermin.com/2008/080708.php?lang=cas&day=080708.
A importância destas festas é tão grande que estação de televisão Cuatro, a mesma televisão que detinha os direitos de transmissão do Euro 2008 e que fazia emissões especiais sobre o Euro, também detém os direitos de transmissão das “Sanfermines”, incluindo os directos dos encierros (as famosas largadas de touros pelas ruas de Pamplona – circuito que pude fazer acompanhado do meu amigo “greenheart” há cerca de 8 anos), pelas 8h00/8h30 da manhã. Tenho podido acompanhar esses encierros e, apesar da hora, as ruas estão cheias de espectadores e de “corredores”, aqueles que tentam correr à frente dos touros. Ou seja, agora é tempo de fiesta. E aí os espanhois são imbatíveis!
Com uma grande vantagem: aqui ainda ninguém se lembrou de proibir transmissões televisivas de corridas de touros ou de largadas de touros por serem nocivas para o bom desenvolvimento psicológico e do caracter das crianças. Quando a formação do carácter das criancinhas estiver dependente de verem ou deixarem de ver corridas de touros muito mal estará a educação e o papel pedagógico dos pais, da família e da sociedade. Além disso, aqui a tauromaquia é uma secção dos diários tanto desportivos como generalistas, como o basquetebol, o voleibol ou a política internacional e cultura.
Como disse no início, não sei se é melhor ou não, mas pelo menos aqui ainda permitem a liberdade de um indivíduo, seja ele qual for, escolher aquilo que quer ver ou fazer, sem ter de estar dependente dos juizos de terceiros e de horários “apropriados” impostos por aqueles que defendendo os supremos direitos dos animais (qual pessoa humana) limitam a liberdade individual de cada um.

PS: Pode parecer abusivo falar de touros neste blog mas, perdoem-me, aqui em Espanha segue-se a tauromaquia como se segue o futebol, o basquetebol ou o tenis e até as cadeias de televisão lutam pelos direitos de exclusividade destes eventos. Daí o paralelo feito com o nosso país, onde apenas o futebol interessa, mesmo em Julho.

E eis que Vale e Azevedo entrou e.. saiu

Notícia de última hora, que pode ser lida aqui, na edição on-line do Público. O ex-presidente do SL Benfica - João Vale e Azevedo - foi detido em Inglaterra e, enquanto um diabo esfrega um olho, entretanto já libertado.

O mandato internacional de captura emitido pelas autoridades portuguesas funcionou. Se não funcionasse neste caso, em que houve uma ampla cobertura mediática e uma atitude provocatória do ex-presidente do clube da Luz, seria caso para nos interrogarmos se alguma vez funcionaria...

Resta esperar pelo que irá acontecer futuramente e se, de facto, o primeiro presidente que apostou em Mourinho como treinador principal irá de novo pisar o solo deste país à beira-mar plantado.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Afinal há um SISTEMA!!!

Afinal o prezado Dr. Antonio Dias da Cunha tinha toda a razão.
HÁ UM SISTEMA!
E que sistema.
Veja-se que na ultima reunião do CJ da FPF o presidente deste orgão que supostamente ia 'liderar' uma reunião, onde os principais visados eram Boavista FC e fcp era só:
Vereador de Gondomar eleito pelo PSD;
Ex-Guarda Redes dos juniores do fcp.
Com este CV não tem qualquer pejo em não pedir excusa da votação.
Perante isto os outros 5 conselheiros que tambem não devem ser nenhuns santos julgaram 'a revelia' a situação. Pena foi não terem agravado as penas.
Claro que é revoltante. Claro que qualquer cidadão que minimamente goste do jogo da bpla jogado nas 4 linhas tem de se revoltar e perguntar o que anda a ver. Anda a ser enganado? Seguramente que sim afirmo eu.
A FPF no entanto vai reunir hoje para deliberar o que?
O estrago está feito e é quase irreparavel. O campeonato vai se sorteado hoje cheio de asteriscos e incertezas. Será que teremos alargamento? E a Uefa o que pensa disto tudo. Devem estar um bocadinho fartos de nós. São jogadores mal criados que agridem arbitros, meninos que 'roubam' cartões aos arbitros e clubes batoteiros...
Enfim é o que temos, e apesar de tudo continuamos a amar.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Tour de force

Há uns dias encontrei em Hesínquia um português de Setúbal com um objectivo de vida pouco usual. Anda a dar voltas à Europa em bicicleta e quer, com a realização dessa empreitada, entrar no Guiness Book of Records.

Começou a epopeia em Outubro de 2003, vive aparentemente da solidariedade de quem com ele se cruza, e já tem um currículo de mais de 30.000 km inscrito nas pernas. Tal como este post de 2006 entitulado “Encontrei mais um português em Turku!” comprova, esta é pelo menos a segunda vez que assenta arraiais na Finlândia.

Ao perguntar-lhe se estaria a pensar em pedalar no norte da Europa durante o próximo Inverno, respondeu-me que nessa altura gostaria de ir para o…. Canadá! Pensei em dizer-lhe que o Inverno no Canadá deve ser (pelo menos) tão duro como o do norte da Europa, mas acabei por achar que seria melhor não lhe dizer nada.

Não faço a mínima ideia por que razão começou a pedalar por esta Europa fora, mas, ao deixá-lo, não pude deixar de pensar na curiosidade, respeito e mesmo fascínio que tais personagens conseguem por vezes provocar.

Talvez seja a ideia de libertação da rotina diária, de liberdade, que fascina o cidadão obediente e cumpridor de regras. Talvez seja a dimensão desproporcionadamente gigantesca do objectivo perseguido que puxa pela nossa curiosidade. Talvez seja ainda o sofrimento associado e a aparente irracionalidade do acto em si mesmo que não nos deixam indiferentes ao passar.

Não sei. O que sei é que, a continuar desta maneira, Setúbal terá no futuro mais um cidadão – para além de Mourinho - a destacar-se internacionalmente...

Ah, e por falar em pedalar, este fim-de-semana começa mais uma Tour de France. Normalmente pelo menos um dos quatro canais genéricos segue esta prova. Este ano não sei o que se passa a este nível. A Euro Sport assegura a cobertura da volta deste ano.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

And now something different

Através de um amigo e da visita a uns blogs cheguei a esta paródia sobre a lei do fora-de-jogo. É protagonizada por John Cleese, um dos membros dos Monthy Python.

Está no YouTube e pode ser visto aqui. Vale a pena. Também é de chorar a rir o sketch intitulado John Cleese on American Football.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Europeu de Futebol

Assisti à final do campeonato Europeu de futebol dividido. Não entre a selecção espanhola e a alemã, mas entre a primeira e a indiferença. Admito que esta última - a indiferença - não é nada mais do que uma reacção espontânea a uma herança cultural que me foi transmitida ao longo dos anos. Afinal de contas, não é da Espanha de que nem sequer bom vento vem?

Nos tempos que correm, da moeda única e da Europa unida, tais sentimentos são anacrónicos. Pois são. Mas existem. E não se pense que são exclusivos dos portugueses. Um finlandês terá alguma renitência natural em apoiar a equipa de futebol sueca. Da mesma forma, um holandês terá dificuldade, algum desconforto até, em apoiar qualquer equipa nacional alemã (mesmo que seja a do Jogo do Galo!).

Indiferença ou nacionalismos postos de lado, ganhou a Espanha. E ganhou bem, dizem em uníssono os comentadores desportivos. Gostei da acima de tudo da atitude dos nuestros hermanos e das suas ganas de vencer.

E que mais me ficou deste campeonato? A impressão de que Portugal esbanjou, uma vez mais, talento individual. Ficou com as bandeiras desfraldadas nas janelas das marquises, à espera de um novo seleccionador e de um novo presidente da federação.

À espera, ao fim e ao cabo, que a escola portuguesa de virtudes individuais algum dia se traduza em sucesso colectivo. Esperemos então por mais oportunidades.

A lição de um grande senhor: Luis Aragonés

Como seria de esperar a festa foi uma festa como nunca tinha visto. Foi todo um país a festejar. De notar que a Espanha não é tão homogénea e tão unida como Portugal. Mas acima de tudo foi uma vitória inteiramente merecida: pelo país, pelo seu povo, pelo seu futebol, pelos seus jogadores e, principalmente, por esse grande treinador e acima de tudo grande senhor que é Luis Aragonés.
Contra tudo e contra quase todos em Espanha, conseguiu formar uma equipa coesa, com um excelente relacionamento entre todos (castelhanos, galegos, catalães, andaluzes, etc) e que, junto com a Holanda, praticou do melhor futebol que se viu em campeonatos da Europa. Deixou de fora vacas sagradas como Cañizares, Albelda e principalmente Raul. Por isso, teve contra ele quase toda a imprensa desportiva e não só. Em todos os jogos oficiais e particulares e em todos os treinos antes da partida para a Áustria teve de ouvir a assistência a grita pelo nome de Raul. Até no aeroporto. Mas não ligou e seguiu em frente. Mas não foi um seguir em frente prepotente e sem dar explicações e sem fugir às perguntas mais desagradáveis dos jornalistas, como fazia o agora ex-seleccionador de Portugal. Não, sempre respondeu a tudo e sempre justificou as suas opções. Este título é o corolário de uma grande carreira. Passou por Valência, Atlético de Madrid, Mallorca (de onde saiu para a selecção), entre outros. Sempre foi reconhecido pelos resultados alcançados, aliados ao bom futebol que as suas equipas praticavam. Por isso, honra seja feita a este grande senhor de 70 anos e muito, mas mesmo muito futebol dentro de si. Um guarda-redes (soberbo) e dois pontas de lança de classe mundial, aos quais juntou um quarteto defensivo sólido e um bloco intermédio que tanto soube pressionar e recuperar a bola com partir como um todo para o ataque. Se calhar o meio-campo e a defesa não têm jogadores fantásticos como Portugal, mas formaram um bloco fenomenal e que acima de tudo mostrou vontade de ganhar. Ou seja, de uma equipa de quartos de final, Luis Aragonés fez um justíssimo campeão europeu. Independentemente do faça na Turquia, o seu contributo para o futebol esoanhol, europeu e mundial está dado e poderá aparecer junto dos grandes treinadores de todos os tempos.
E foi inolvidável ver um homem de 70 anos, tradicionalmente reservado, emocionar-se como uma criança e participar activamente no momento dos festejos, ontem em Madrid. Inesquecível foi também a homenagem feita por todos os seus jogadores e as suas expressões de carinho para com ele, nomeadamente de Casillas, Reina, Villa, Fabregas, entre outros.
Por tudo o que conseguiu, um grande bem-haja a Luís Aragonés.

PS: Uma última nota. Vejam a idade dos últimos treinadores a sagrarem-se campeões europeus e mundiais (Rehagel, Lippi, Aragonés)!!! Que lição que deram aqueles jovens seleccionadores enaltecidos mais pela sua imagem e pelo seu poder de comunicação do que pelos seus resultados e conhecimentos (Donadoni, Van Basten, Bilic, Low, entre outros). Veja-se como no campeonato português se privilegiam os “jovens” treinadores aqueles que têm experiência! Por vezes, chegamos ao ridículo do treinador principal inscrito para os jogos ser o adjunto e o adjunto ser o principal, tudo por falta de qualificação profissional desses ditos jovens talentos.