Assisti à final do campeonato Europeu de futebol dividido. Não entre a selecção espanhola e a alemã, mas entre a primeira e a indiferença. Admito que esta última - a indiferença - não é nada mais do que uma reacção espontânea a uma herança cultural que me foi transmitida ao longo dos anos. Afinal de contas, não é da Espanha de que nem sequer bom vento vem?
Nos tempos que correm, da moeda única e da Europa unida, tais sentimentos são anacrónicos. Pois são. Mas existem. E não se pense que são exclusivos dos portugueses. Um finlandês terá alguma renitência natural em apoiar a equipa de futebol sueca. Da mesma forma, um holandês terá dificuldade, algum desconforto até, em apoiar qualquer equipa nacional alemã (mesmo que seja a do Jogo do Galo!).
Indiferença ou nacionalismos postos de lado, ganhou a Espanha. E ganhou bem, dizem em uníssono os comentadores desportivos. Gostei da acima de tudo da atitude dos nuestros hermanos e das suas ganas de vencer.
E que mais me ficou deste campeonato? A impressão de que Portugal esbanjou, uma vez mais, talento individual. Ficou com as bandeiras desfraldadas nas janelas das marquises, à espera de um novo seleccionador e de um novo presidente da federação.
À espera, ao fim e ao cabo, que a escola portuguesa de virtudes individuais algum dia se traduza em sucesso colectivo. Esperemos então por mais oportunidades.
1 comentário:
Concordo em tudo com o que disseste, incluindo o eventual sentimento de indiferença. No entanto, estando neste momento a viver em Espanha foi impossível ficar indiferente e não apoiar a sua selecção. Também no que respeita a Portugal concordo, com tudo. Tivemos o caminho aberto até à final (uma eventual final ibérica nunca poderia ter estado tão próximo de acontecer). Mas esbanjámos essa oportunidade. Ao invés Espanha aproveitou-a e agarrou-a com as duas mãos. As mesmas com que levantaram o trofeu na final.
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