terça-feira, 1 de julho de 2008

A lição de um grande senhor: Luis Aragonés

Como seria de esperar a festa foi uma festa como nunca tinha visto. Foi todo um país a festejar. De notar que a Espanha não é tão homogénea e tão unida como Portugal. Mas acima de tudo foi uma vitória inteiramente merecida: pelo país, pelo seu povo, pelo seu futebol, pelos seus jogadores e, principalmente, por esse grande treinador e acima de tudo grande senhor que é Luis Aragonés.
Contra tudo e contra quase todos em Espanha, conseguiu formar uma equipa coesa, com um excelente relacionamento entre todos (castelhanos, galegos, catalães, andaluzes, etc) e que, junto com a Holanda, praticou do melhor futebol que se viu em campeonatos da Europa. Deixou de fora vacas sagradas como Cañizares, Albelda e principalmente Raul. Por isso, teve contra ele quase toda a imprensa desportiva e não só. Em todos os jogos oficiais e particulares e em todos os treinos antes da partida para a Áustria teve de ouvir a assistência a grita pelo nome de Raul. Até no aeroporto. Mas não ligou e seguiu em frente. Mas não foi um seguir em frente prepotente e sem dar explicações e sem fugir às perguntas mais desagradáveis dos jornalistas, como fazia o agora ex-seleccionador de Portugal. Não, sempre respondeu a tudo e sempre justificou as suas opções. Este título é o corolário de uma grande carreira. Passou por Valência, Atlético de Madrid, Mallorca (de onde saiu para a selecção), entre outros. Sempre foi reconhecido pelos resultados alcançados, aliados ao bom futebol que as suas equipas praticavam. Por isso, honra seja feita a este grande senhor de 70 anos e muito, mas mesmo muito futebol dentro de si. Um guarda-redes (soberbo) e dois pontas de lança de classe mundial, aos quais juntou um quarteto defensivo sólido e um bloco intermédio que tanto soube pressionar e recuperar a bola com partir como um todo para o ataque. Se calhar o meio-campo e a defesa não têm jogadores fantásticos como Portugal, mas formaram um bloco fenomenal e que acima de tudo mostrou vontade de ganhar. Ou seja, de uma equipa de quartos de final, Luis Aragonés fez um justíssimo campeão europeu. Independentemente do faça na Turquia, o seu contributo para o futebol esoanhol, europeu e mundial está dado e poderá aparecer junto dos grandes treinadores de todos os tempos.
E foi inolvidável ver um homem de 70 anos, tradicionalmente reservado, emocionar-se como uma criança e participar activamente no momento dos festejos, ontem em Madrid. Inesquecível foi também a homenagem feita por todos os seus jogadores e as suas expressões de carinho para com ele, nomeadamente de Casillas, Reina, Villa, Fabregas, entre outros.
Por tudo o que conseguiu, um grande bem-haja a Luís Aragonés.

PS: Uma última nota. Vejam a idade dos últimos treinadores a sagrarem-se campeões europeus e mundiais (Rehagel, Lippi, Aragonés)!!! Que lição que deram aqueles jovens seleccionadores enaltecidos mais pela sua imagem e pelo seu poder de comunicação do que pelos seus resultados e conhecimentos (Donadoni, Van Basten, Bilic, Low, entre outros). Veja-se como no campeonato português se privilegiam os “jovens” treinadores aqueles que têm experiência! Por vezes, chegamos ao ridículo do treinador principal inscrito para os jogos ser o adjunto e o adjunto ser o principal, tudo por falta de qualificação profissional desses ditos jovens talentos.

1 comentário:

Anónimo disse...

wala pulos imo blog.