quarta-feira, 30 de julho de 2008

Pré-época

Se existe uma altura do ano futebolístico que normalmente me deprime é a pré-época. Este termo - "pré-época" -, não exclusivo do futebol, poderia muito bem ser definido como o período que medeia a silly season (aquela caracterizada pela abundância de notícias importantíssimas sobre as férias dos jogadores, dos treinadores e das suas bombásticas namoradas) e o início da competição propriamente dita.

É nesta altura do ano que normalmente se fazem jogos de apresentação aos adeptos, realizam-se muitas contratações e, desgraça das desgraças, fazem-se listas de dispensados.

Como adepto de futebol e simpatizante do Benfica pouco atento às qualidades dos jogadores e dos treinadores que deambulam pelos corredores da denominada "pré-época", é para mim um martírio ouvir, mesmo que seja por via indirecta, os jogadores que saem, os jogadores que entram, os milhões que são gastos, os clubes que mostram interesse no jogador A ou B.

Há uns dias li que o novo treinador do Benfica utilizou num jogo 22 jogadores. Hoje, ao passar pelo Record on-line constatei que o treino de hoje do Benfica já só contava com 27 jogadores. Uff, ainda bem! Mais, Rui Costa estava em Barcelona, não a apreciar as qualidades arquitectónicas do centro da capital catalã, mas, surpresa das surpresas, a tentar contratar mais um jogador. E tudo indicava que alguns dos que já estão a treinar na Luz poderiam servir como moeda de troca. Ah, e o Petit saíra para o Colónia. E o Zoro fora dispensado. E o Moreto, que há algum tempo era certo fora do Benfica, fora re-integrado no "grupo de trabalho".

Enfim, é a pré-época e a procura da notícia vendável por parte da comunicação social. Já agora, acho que os jornais desportivos (pelo menos esses) deveriam pagar uma anualidade ao Benfica por causa das notícias que publicam com fonte em rumores, conversas de café ou simplesmente boas fontes de informação sobre o que se passa no clube da Luz. Sem o Benfica provavelmente só teríamos um jornal desportivo nacional. E quase de certeza seria semanário!

Mas o que mais me entristece nas pré-épocas é a sensação de que pelo menos desde o reinado do rei Artur (Jorge) que o Benfica tenta, ano após ano, recomeçar do zero. Para isso contrata carradas de jogadores, supostamente “à imagem” do novo treinador que, surpresa das surpresas, prometem mais ou menos explicitamente mundos e fundos a toda uma falange de apoiantes, adeptos e sócios ávidos de vitórias.

Não sei. Parece-me que é como estar a fazer fundações de uma casa e depois, um ano volvido, pegar numa bomba de napalm, arrasar tudo e começar uma vida nova, com um treinador novo, com um director desportivo novo, com umas camisolinhas novas. Vou esperar pelo passar da pré-época e ver no que vai dar este recomeçar de vida nova.

2 comentários:

Anónimo disse...

Viva,
De acordo com o que disseste, mas permite-me apenas colocar uma questão : Não somos nós, adeptos, que ano ( fracasso) apos ano ( fracasso), exigimos tudo isso ?
E quando isso acontece, reclamamos ?
Abraço, Helder

DeKuip disse...

É verdade. Criamos essa pressão. Não ganhamos nada e somos muitos, muitos mesmo, a exigir vitórias. Isso cria instabilidade e grande insatisfação. Mas foram os dirigentes que por lá andaram que sistematicamente respondem a esta insatisfação com (invariavelmente) a mesma receita: mais jogadores, mais treinadores. Vamos ver como a coisa funciona este ano. Eu, pelo meu lado, vou baixar as expectativas.