quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Lá fora, o que é de dentro é que é bom

Há uns anos, estava eu e a minha mulher a passar uns dias num desses resorts mexicanos tão em voga para gringos americanos em busca de águas calientes for a nice price, tive uma brevíssima conversa com um croata sobre essas generalidades que os turistas costumam trocar em férias.

Depois de ter satisfeito a curiosidade natural do Where are you from?, disse que conhecia Portugal e que achava que o nosso país tinha praias muito bonitas. Partindo de um natural de um país conhecido pelas suas praias no Adriático, essa afirmação só podia ser considerada um elogio. Mas não foi esta a particularidade da conversa que me fez guardar na memória este episódio.

Foi mais uma insinuação subliminar, sem dúvida alguma estimulada pelo ambiente de praia que me rodeava, que a afirmação continha. Parecia que me estavam a dizer: afinal de contas, com praias tão bonitas em casa, o que é que vocês portugueses estão para aqui a fazer? Poderia, bem entendido, dizer a mesma coisa dele. Não interessa. O que importa é que essa pergunta perdurou no meu subconsciente, sendo até reforçada cada vez que olhava para a praia banhada pelas águas do Golfo do México onde me encontrava e cada vez que conhecia um desses casais de portugueses que, bastas vezes, puxavam para tema de conversa a comparação das férias que já tinham tido em Cuba, Brasil e sei lá mais que ilha nas Caraíbas.

Não quero com isto dizer que estes locais não são aprazíveis. Pelo contrário. São-no. E ainda bem que estes locais se tornaram acessíveis para muitas pessoas. Quero apenas dizer que acho - por mim falo - que por vezes não valorizamos convenientemente o que temos. Por falta de informação, falta de vontade, falta de qualquer coisa. Não sei. Mas se não valorizarmos o que temos, quem é que valorizará?


Fica aqui um site que pode ajudar a conhecer melhor as praias que temos. Vale a pena espreitá-lo. Pois vale a pena descobrir o que temos cá dentro, quanto mais não seja para apreciarmos convenientemente o que encontramos lá fora.

4 comentários:

GreenFlag disse...

Grande parte da questao passa pelo tratamento que nos é dado. Lá fora, seja onde for, somos tratados como turistas. Em PT, e especialmente no Algarve, como os marmanjos que vêm aqui ocupar o lugar dos turistas (que conseguimos enganar tao bem).

ViP disse...

A questão do tratamento é uma das fundamentais, onde somos olhados de lado quando estamos de férias no nosso país (como referiu o Squadra Azzurra).
Mas há outros aspectos que tornam o turismo de praia "cá dentro" menos apelativo: ver preços incrivelmente inflacionados apenas porque é o Algarve, fazendo com que seja mais barata uma semana no México ou Brasil (com viagem) do que lá; com a viagem incluída, mesmo a Madeira ou Porto Santo não conseguem competir com os preços; os pacotes "tudo incluído" são imbatíveis, pois o custo de alimentação nesses países é bem mais baixo do que cá; e há ainda o factor clima, contra o qual não podemos competir, com a temperatura ambiente e da água do mar a ser determinantes. Claro está que sair do país é, só por si, um factor psicológico que induz a sensação de férias, e as paisagens doutras paragens também.

GreenFlag disse...

Não podia estar mais de acordo. Complementaste muito bem a minha primeira apreciação. Acrescentava ainda que a ideia de que Portugal é atractivo para turismo é verdade mas apenas para o turismo de massas (classes média/baixas do RU, Alemanha, etc.) e para o turismo elitista de golf. Ou seja, exceptuando o turismo ligado à prática do golf temos um turismo de muito baixa qualidade (especialmente no Algarve).

DeKuip disse...

Compreendo os vossos argumentos e até compartilho, de certa maneira, alguns deles. Mas de qualquer forma "ir para fora cá dentro" não se resume apenas ao Algarve. Há mais coisas para ver. Até bem perto de onde moramos. E o meu post pretendia fazer valer isso, mas pelos vistos falhei. Depois não acho que seja assim tão certo que sejamos tratados lá fora como turistas e aqui não. Depende do sítio, depende do lugar. Mais, acho que sites como o que fiz referência são interessants pois dão aos turistas a ideia do que é bom e do que é mau. E pode dar ideias do que podemos fazer. É subjectivo, bem entendido, mas sempre é qq coisa. E já agora as coisas de má qualidade também deveriam ser postadas. Prometo que, caso tenha uma má experiência (no Algarve ou fora dele), a vou colocar no Blog.