Reconheço que não sei muito mais do que é apresentado no artigo on-line do Público sobre a intenção de criar uma taxa adicional a todos os condutores que viagem sozinhos como forma de minorar a poluição em Lisboa. O artigo pode ser lido aqui.
Medidas deste tipo não são uma novidade e têm vindo a ser aplicadas em muitas cidades por esse mundo fora. O texto cita o exemplo de Roma mas basta lembramo-nos de Pequim, que actualmente limita o acesso diário à cidade através dos números das matrículas, para constatarmos que este é um assunto global. Mais. A ideia de criação de corredores específicos para condutores que viagem acompanhados é já uma realidade para quem, por exemplo, viaja em horas de ponta nas cercanias de Madrid. (Neste particular, parece que até já há quem compre um boneco para que a polícia pense que o condutor do carro não vai sozinho...)
Sendo este um assunto sério e tomado em linha de conta em muitos locais, resta-me comentar um pouco sobre um aspecto que, a meu ver, passa despercebido nas notícias sobre este tipo de assuntos e que, regra geral, quase nunca é tido em linha de conta nas discussões que envolvem a “criação” de um preço/taxa usada para arbitrar e minorar a produção da poluição.
Estou a falar do destino da receita gerada com a criação da taxa adicional. A aceitação dessa taxa, bem como a percepção da seriedade da medida em si mesma, podem ser seriamente afectadas se nada se disser sobre a sua utilização. Um possível uso seria o a da aplicação da receita gerada num fundo de apoio ao tratamento de doenças respiratórias. Outro uso igualmente aceitável seria a de canalizar estes fundos para a melhoria dos transportes públicos e de alternativas de transporte a quem se desloca para a cidade.
Caso contrário, caso não exista uma clara ligação entre a taxa cobrada e o destino da receita obtida, medidas como estas podem muito bem ser vistas, independentemente da bondade de quem teve a coragem ou a ideia de as tomar, como um ardil utilizado para cobrar mais impostos. E também fica mais difícil discernir quem é que realmente está do lado dos que querem ver a poluição reduzida e aqueles que, pura e simplesmente, acham que este é um problema que não tem nada a ver com eles e que não querem pagar nada. É que explicar o porquê de uma taxa não é suficiente. É também preciso explicar para onde é que ela vai ser usada.
2 comentários:
Antes de dar destino à taxa e de a implementar seria de bom tom pensar nas alternativas. Isto é existem parques exteriores à cidade com transportes públicos? Existe uma integração dos mesmos transportes que permita quem vem por exemplo de Oeiras, chegar à Expo (em tempo útil)?
Enquanto não se fizer um honesto trabalho de casa (não à Sócrates), nada se pode fazer...
Eu li essa (re)nova(da) sugestão que agora surge a propósito de um estudo de Universidade Nova. Quem vem dar a cara por ele? Francisco Ferreira pois então! O senhor da ecológica Quercus que tem minutos verdes todos os dia na tv pública e que fala sempre por toda a gente (procurei no seu site mas não consegui saber o nº de associados, mas deve ser uma falha minha) e por todas as causas. Portanto, logo à partida questiono um estudo que à partida nasce enviezado. Por outro lado, quantos de nós conhece os inúmeros (embora ainda poucos) corredores Bus que todos os dias são invadidos por viaturas particulares sob olhar despreocupado da policia (Av. Novas, por exemplo)? Se não se consegue identificar uma viatura particular como identificar uma viatura com 2 ou mais pessoas?
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