quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Na sequência do post do olho de vidro

Em primeiro lugar devo dizer que tenho pena que a apreciação feita (na comunicação social em geral, e não tanto neste blog) à atribuição do prémio Nobel de Economia a Paul Krugman se tenha centrado mais nas suas declarações mais recentes sobre a política económica seguida pelas mais recentes administrações norte-americanas (onde se inclui também o “democrata” Clinton durante 8 anos) e não tanto no seu trabalho de investigação na área da geografia económica e do comércio internacional. Em grande medida tal deve-se á fixação da grande maioria dos europeus e em especial da sua comunicação social no apoio a Obama. Por vezes esse apoio raia o anedótico e revela muito sobre a coesão europeia aos mais variados níveis.
Passando ao comentário final do Olho de Vidro, devo questionar se queremos e devemos, de facto, mudar o modelo político, social e económico em que vivemos?
Temos aqui três questões diversas e que cada uma se poderia desmultiplicar em muitas mais questões. Também é verdade que algumas das questões se relacionam nalguns pontos. Mas vamos por partes:
1ª) Modelo político: esqueçamos questões de regime (republicano ou monárquico). Fixemo-nos no sistema. É um facto histórico e comprovado pelos anos mais recentes que o único sistema político que consegue compatibilizar (em diferentes graus, é certo) liberdades individuais, desenvolvimento económico, bem-estar social, redistribuição e o conceito de propriedade, entre outros, é a Democracia. Não houve, até agora, nenhum outro sistema (ditaduras de direita ou de esquerda, sistemas proletários, etc.) que tenham conseguido conjugar tantas “virtudes” como a Democracia. E tivemos ditaduras de diversa natureza (nazi, fascista, corporativas, marxistas, proletárias, populares, militares de diversa natureza ou simples apropriação usurpadora do poder). E, embora seja muito elogiado por alguns grandes “intelectuais” e políticos da nossa praça, também não creio que sejam os sistemas “Chavistas” ou “Moralistas” que o possam conseguir. Portanto resta-nos a discussão se preferimos e/ou queremos sistemas eleitorais proporcionais, uninominais, mistos, etc.
Eu por mim continuarei sempre a defender o sistema democrático que me permite de 4 em 4 ou de 5 em 5 anos eleger aqueles que considero, a cada momento, os melhores para dirigirem os destinos do meu país
2º) Modelo social. Quando a mim aquele que permite mais opções de escolha e onde a ideologia está mais presente (até mais que no económico). Temos o modelo americano de em que a componente social (especialmente na saúde) funciona também em termos de mercado, com baixa contribuições dos contribuintes. Desta forma, quem tem possibilidades (e era até há bem pouco tempo a grande maioria da população americana) recorre a sistema privados de assistência. Quem não tem possibilidades resta-lhe recorrer aos sistema nacional de saúde (com fraca qualidade de atendimento). Temos o modelo social nórdico onde a par de elevadas contribuições tributárias se alia um sistema assistencial exemplar desde a nascença até á morte, passando por situações de desemprego, doença, etc. Temos os sistemas sociais da Europa do Sul (Portugal, Espanha, França, Itália, etc.) tendencialmente gratuitos e, talvez por isso, em franca decadência no aspecto assistencial (e não no aspecto dos impactos de longo-prazo, como por exemplo, as taxas de mortalidade infantil e de esperança de vida á nascença). Temos os sistemas sociais dos países socialista/comunistas/colectivistas, onde os serviços são prestados gratuitamente e com elevado nível de qualificações (mas é preciso não esquecer que nestes, mesmo que houvessem sistemas alternativos ao sistema público, a grande maioria da população não tinha condições para aceder a eles. Vide: União Soviética e países da cortina de ferro, China, e o “paraíso” cubano).
Assim, quanto ao modelo social poderemos optar pelas mais variadas soluções. Naturalmente, excluo os últimos modelos. Assim, eu prefiro um sistema misto público/privado que se reflicta nas contribuições de cada contribuinte. Sendo que um contribuinte, pelo simples facto de optar por um sistema privado não fica automaticamente isento de contribuir para o sistema público. Há um princípio de solidariedade social que é preciso preservar e salvaguardar. Por ordem de preferência, seguir-se-ia o sistema nórdico e finalmente o privado dos EUA.
3º) Modelo económico. Mesmo com todos os sobressaltos das últimas semanas, conseguem visualizar alguma alternativa à economia de mercado? Quando Socrates (o nosso José) apregoou a derrota do mercado sem regulação, do liberalismo e outras barbaridades foi pena ninguém lhe ter perguntado em que mundo andou nos últimos 12 anos? Não foi ele ministro do ambiente durante anos (consulado de Guterres)? Não foi ele primeiro-ministro nos últimos 3 anos e meio? E em que sistema exerceu esses cargos? Ou melhor, o que fez para derrotar essa entidade maléfica que é/era o mercado? NADA! Sempre conviveu muito bem com ele e com todos aqueles que melhor personificavam “o mercado”.
Por outro lado, não será abusivo falar de mercado livre na Europa? Será mais um mercado muito e mal regulado. Basta ver o que anda a fazer a autoridade da concorrência (ex: combustíveis, pão, etc.) ou o próprio governo (ex: troca de administradores CGD/BCP Millenium).
Poder-se-á advogar mais ou melhor regulação mas nunca qualquer outro tipo de intervenção. E acima de tudo uma maior ética da parte de gestores e accionistas. A este propósito, parece-me absolutamente contraproducente algumas das medidas anunciadas para combater a crise (embora reconheça que possam ser fundamentais no actual momento): primeiro seleccionar quais as entidades que se deixam cair e segundo, premiar gestores e accionistas absolutamente amorais e sem quaisquer princípios éticos ou de respeito pelo próprio mercado.

PS: é um facto que o teu texto nos levaria a uma discussão muito maior e bastante enriquecedora. Mas decidi centrar-me apenas no teu comentário final e olha no deu. Um testamento imenso.

1 comentário:

Anónimo disse...

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